ratos

Nunca percebi as mulheres que gritam com ratos. As fóbicas das alturas não gritam com as varandas e as dos elevadores não berram com as portas. Os ratos não me assustam porque o meu avô tinha um que era amigo dele e apresentou-mo muito antes que surgisse a tentação do grito. Protegíamos a comida e o queijo e às vezes esquecíamo-nos dos livros. Comoveram-me alguns livros roídos e ficou-me alguma ternura pelos ratos que passaram pela minha vida. Passavam, roíam e acabavam nas ratoeiras da avó (escapou sempre o que o avô protegia).

Comentários

Anónimo disse…
A propósito da primeira frase:
Uma vez vi um rato. Pensei: "isto é um rato, o que faz uma mulher quando vê um rato?"
Gritei.
Talvez algum sociólogo explique...

No infantário dos meus filhos, muito antes do Ratatouille, havia uma mãe que passeava uma ratazana debaixo da roupa. Nós nas reuniões de pais, a camisola dela agitava-se, o decote abria-se para o bichinho olhar para nós.
Nenhuma mãe gritou.
Talvez algum Freud explique.
Um dia ainda contarei o episódio do tipo que destruiu meia casa para encomendar ao Criador o canastro duma ratazana. E nem no fim caiu em si. O homem não cabia em si de contente (e triunfante). É verdade que a dita tinha porte de felino. Mas com franqueza. Imagino que com tamanha estupidez até o dr. Freud ficaria à nora, e sobretudo sem nenhuma vontade de explicar.

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