aria-de-capo

Esta noite sonhei. Um efebo desgrenhado em ceroulas de escocês apertadas nos tornozelos por fitas comemorativas da Exposição do Mundo Português de 1940 batia à porta e perguntava: ora è morto, ma quando ritorna? Não me lembro de dar troco mas recordo (além do susto, que não foi pequeno) que a escolta (que a havia, bastante mais velha, ossuda, sorumbática e de economia sexual claramente encalhada), enquanto apreciava o tocheiro preferido do meu tetravô, verberava terceiros incertos pela espiral selvática e pelo andar de cavalo para esteio muitíssimo secundário do diabo que não havia maneira de deter. Nada que me tenha posto em sentido crístico. Quando preciso – e é caso – de me elevar acima da circunstância sem puxar-saco ou estender a mão seja à esmola seja à misericórdia absorvo-me nas sábias palavras do bom do Ovídio: saepe premente deo, fert deus alter opem. Não entende patavina, leitor(a)? Já consumiu todo o seu latim a pilhar corações e BM’s antes e depois da missa? Vai já daqui tradução livre para a língua que me molda o carácter e os temores mais íntimos e inegáveis: se há um deus que nos quer dar uma marretada, há sempre um outro que nos oferece mimo.

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