maldição final
Michelangelo Antonioni, Professione: reporter [The Passenger], 1975
Infeliz aquele(a) que tomar o lugar do que jaz.
A (sequência final da) fita não é das fofas, nem anda lá perto – a concorrência que ofereça a cultura-entretém e os chinelos de veludo cotelê. Não seja por isso. Que conheça, não há filme (parábola, para os entendidos) que faça tão pouco pela auto-estima do sujeito objectivante que confunde o umbigo do mundo com o seu próprio. A rivalizar, talvez só aquela fórmula do João Miguel Fernandes Jorge: Como se morre aqui? De qualquer modo, ainda não foi desta que encontrei antídoto para a identidade, essa coisa mal-enjambrada que invariavelmente me traz à ideia a absoluta necessidade de dar o fora. Como se precisasse de confirmação, o double bind é mesmo o princípio da Sittlichkeit que me sufoca. Trop de pensées d'arriére-boutique? Deixá-los - sim, sim, que eu cá vou envelhecendo mas não é de propósito. Há sempre (pelo menos) mais uma forma de contar a história. Parafraseando o Fernão Lopes em Crónica que não pede meças ao pulo de alegria, como se azou a morte do tal e tal (o tal e tal é meu), e quem falou nisto primeiro. Tréguas e água pela barba, meus amigos. Tréguas e água pela barba que não pára de subir.