boas, sim, boazinhas nunca

Tita sempre me disse que os homens não gostam de mulheres parvas. Boas, sim, boazinhas nunca, dizia-me isto como quem aprova um lema ou lança uma palavra de ordem. Tita entendeu encarregar-se da minha educação desde muito cedo. Nenhuma de nós saiu boazinha, mas a mais boazinha de todas é a tua mãe e o melhor é proteger-te. Teve alguns inconvenientes esta educação. Tita proibiu-me de fazer algumas coisas que as raparigas da minha idade faziam. Vigiava-me o telefone, fazia centenas de perguntas sobre as amigas da escola e conseguiu, devagarinho, que eu lhe mostrasse o meu diário adolescente. Quando leu as minhas piroseiras, deu um grito. Com paciência farei de ti uma mulher, não uma cavalgadura. Por essa altura, Tita estava quase a casar com o José Eduardo, a quem encornava sem maneiras rudes. O Zé gostava muito da Tita (chamava-lhe ma petite blonde, tinha a mania dos franceses) e sabia que era encornado, o que o transformava numa criatura superior e indiscutivelmente acima do resto dos homens do grupo da Tita, que nunca sabiam se eram encornados. A Tita era perfeita e o Zé Eduardo foi sempre o primeiro a saber.

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