Passear a infelicidade como se fosse um cão. Fazer-lhe festas no lombo, acariciar-lhe o focinho. Meter a infelicidade na cama e sentir o calor antigo. Oh, o conforto da infelicidade a abanar o rabo, fidelíssima; a lamber as pernas, matreira; a ganir, apalermada; a ladrar, quando cheira alguém estranho. Leva-se à rua a infelicidade e há sempre quem meta conversa: - Essa infelicidade é sua? Coitadinho, que ternura, coitadinho. E então alimenta-se a infelicidade com bocados de carne (própria) e goza-se a bestial pacificação do estar na merda.