Marta me mata!
Isto, que grelou (e assim digo porque nada digo ao acaso) de uma emoção avassaladora numa destas madrugadas em que o pequeno ecrã não me deu descanso, pôs-me num estado lastimoso. Não só é ridículo e malbarata a dementia libertina que me faz correr por gosto atrás de qualquer fêmea humana maior de idade bem cheirosa e anatomicamente apetitosa (silhueta frou-frou, de alcatreira, não, obrigado), como não leva a lado nenhum. Nem bem conversadinha com falinhas entre o manso e o mitomaníaco à Lobo Antunes. Nem com os predicados morais de Monsieur de Valmont. Nem com sais de frutos, chás exóticos, ostras e outros acepipes que restituem os sentidos à carne. Nem esgrimindo com fogosidade as Sagradas Escrituras em demoradas serenatas. Nem invocando o sufoco pelo mermar dos números que nos une até domingo. Nem fantasiando-me de volatim e repetindo, mil vezes repetindo l’amore senza malicia non è vero amore. Nem acenando com riquezas das arábias e títeres com feições de Brad Pitt. Nem… Bom, a lista é interminável e convém adiantar serviço antes que a patroa venha de lá com o diabo no corpo. Os estados, meu e das coisas, podem-se alterar? Podem, sim senhor. Vazando os olhos.
À margem e sem dar (nas) vistas: mas a alguém no seu inteiro juízo passa pela cabeça que eu vá dar com a língua nos dentes para a casa dos trinta e seis? Bem me parecia.
À margem e sem dar (nas) vistas: mas a alguém no seu inteiro juízo passa pela cabeça que eu vá dar com a língua nos dentes para a casa dos trinta e seis? Bem me parecia.