lições de vida
Apeado mas com o freio nos dentes, cresci a ver a banda passar. Caso nem único nem primeiro nem último mas chave para conhecer o meu cepticismo relacional, o da filha da porteira, viçosa, admirável e promissora como a I República antes de dar para o torto, desfecho que, como provavelmente sabeis, protelou menos que as filmagens do Apocalypse Now do Coppola e a parte de leão das teses que se fazem por aí e incomparavelmente menos que a 8ª Sinfonia de Schubert. A cachopa introduziu-me às canseiras da boa vida mas não passou dos sinais e da atitude. Para meu desgosto, foi ao finório para os lados de azeiteiro de Porsche de alta-roda que saiu a sorte grande. Vejam lá que o sujeito até dependurara no espelho retrovisor do bólide uma miniatura de pandeiro com a inscrição: eu só toco d’improviso. A ingrata porém não quis saber. Mal ele ofereceu o caneco, ela deu-se a governo e lá foram carnear, na minha modesta opinião para o diabo que os carregue. Tanta sentinela e tanto flauteio para nada, quer dizer de viagem sem volta para o galheiro. Como a ocasião faz a resignação e a ressaca o camareiro, na altura pensei pensando-me: grande papalvo me saiste na rifa. Dito e feito e demolida a confiança de androceu ingénuo para sempre, trouxe esta frase decorada e salteada avivando-a a cada novo desaire. Até que, aqui há meia dúzia de anos, ouvi o Jardel a tagarelar-se o Jardel. Muito haveria a dizer e a fazer crer, é certo. Do sobressalto (perante as hosanas do piroso Veloso), dos segredos e das finalidades que desafiam a imaginação, a moral e os bons costumes. Como, todavia, não vos quero massacrar com chicana amorosa e desejo que vão daqui com um mínimo de respeito pelo autor (lá estou eu), esgoto rapidamente o assunto. Em nada devendo à verdade, acima de tudo dei graças a Deus por nunca ter premeditado em voz alta. Nas minhas lutas interiores, repetidamente intestinas, passo bem sem a acumulação de reputações.